quarta-feira, 14 de outubro de 2009

”Sozinho no escuro, nesse túnel do tempo, sigo o sinal que me liga à corrente dos sentimentos...”


Surpreendo-me com minha curiosidade, busco constantemente o oculto, o difícil e esqueço (propositalmente ou não) do que está ao meu lado.

Tenho um senso próprio de justiça, uma intolerância suprema à traição de qualquer espécie... e uma angustia tremenda por me ver impotente. O desejo de despir as máscaras me consome, mesmo que tal ato me condene ao esquecimento, mesmo que a vítima me odeie e me negue o som da sua risada, as suas falas tipicamente idiotas e por isso, hilárias, o seu olhar moleque, brincalhão e enlouquecedor.

Ah... as vontades que me consomem... as faíscas que saem dos meus olhos de raiva, pena, indignação e inegável desejo (não de voltar no tempo, mas de voltar às situações em novas, e melhores, circunstâncias).

Quisera eu poder agir sem ser percebida, mas tal perfil discreto não combina comigo. Quem me dera não levantar suspeitas e poder deixar tudo em pratos limpos, sem precisar sujar as minhas mãos... antes fosse como sempre temi...

Na duvida entre os motivos da falta de conversa: timidez, constrangimento, ciúme, ou simples falta de assunto, disfarço as reais intenções com um casual “bom dia”.

Mas há dias em que nada faz sentido
E os sinais que me ligam ao mundo se desligam”

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"Tento fazer desse lugar o meu lugar, ao menos por enquanto, enquanto isso durar..."

06h30min. Preparo-me pra mais um dia da minha angustiante, fatigante e alucinada rotina. Em prol de 15 minutos a menos de vida sedentária, prefiro fazer parte do percurso a pé. O sol das 7 horas e alguma coisa é perfeito: quente, mas não tanto a ponto de me fazer transpirar; a claridade na medida certa, sem me impedir de olhar pro céu, apenas fazendo com que eu aperte um pouco os olhos (detesto óculos escuros).
É nesse tempo que eu reflito, é minha única oportunidade de simplesmente pensar, sem analisar os detalhes, sem me preocupar com opiniões e conceitos alheios, sem me preocupar nas conseqüências (“Se livrar da vaidade e apenas ir com o ritmo”). Deixo-me livre! Perco-me nos meus pensamentos desconexos e efêmeros. Deixo tudo fluir, sem me apegar aos detalhes... detalhes que só servem pra me confundir.

Chego a sentir que escapo de mim por alguns minutos. Como se analisando minha vida de forma teoricamente imparcial as coisas pudessem se resolver. Não, elas não se resolvem... mas pelo menos fica mais fácil analisar as informações aparentemente inúteis para transformá-las em verdadeiros trunfos na hora certa.

Não mais me surpreendo, como antes acontecia, com alguns sorrisos ou algum olhar de ódio expresso em meu rosto devido ao que se passava não na minha mente, mas em meu coração. Deve ser a única hora do dia na qual minha alma sai pra tomar um ar e fica evidente no meu rosto... Quando dou por mim, já estou quase no meu destino final. O paradoxo entre inferno e céu explícito em cada canto do lugar.

Infernal a angustia... a duvida em saber se é mesmo certo se privar, trocar algumas coisas boas da vida por outras nem tão boas assim... o peso da responsabilidade de ter o futuro nas mãos e não ter força pra seguir erguida todo o caminho... olhar pra trás e parecer que muito foi feito, mas olhar pra frente e saber que ainda falta muito, muito mesmo... a culpa por saber que vai decepcionar alguém sempre, não tem como ver todos que ama felizes ao mesmo tempo, e quanto mais se esforçar pela felicidade alheia mais vai denegrir a sua... o arrependimento pelas tarefas não terminadas, pelas frases não ditas, pelos gestos não feitos, pelas vontades reprimidas...

De celestial apenas a cor, e os anjos que lá encontrei. Só eles pra me fazer encarar essa rotina maluca... só amigos tão loucos pra agüentar meus ataques repentinos de choro, riso, carência, empolgação. Eu precisei descer da torre e encarar as curvas das sinuosas rampas pra crescer, e encontrar meus verdadeiros bens, meus verdadeiros amores, meus corações.

Mais uma vez a roleta trava... mais uma vez eu me irrito com isso, e como sempre lá pela quinta tentativa eu adentro na minha vida real. Afasto o turbilhão de pensamentos, uma olhadinha rápida no espelho, milhares de abraços, bom dias, colinhos. Tento fazer desse lugar o meu lugar, e tenho conseguido.


"Por enquanto espero e vou vivendo
(...)É, e isso é verdadeiro
Me troco, me arrojo, ao menos por enquanto
Enquanto isso durar."

domingo, 4 de outubro de 2009

"Se ficar assim me olhando, me querendo, procurando... não sei não eu vou me apaixonar!"

As atitudes são paradoxais, mas a vontade é mútua, e negá-la é desperdício.

Mesmo negando todas as profecias elas se confirmaram, tal qual se confirmaram outros medos. Algumas pessoas não mudam nunca e alguns fantasmas do passado podem deixar de assombrar por um tempo, mas acreditar na morte dos mesmos é ilusão (mais cedo ou mais tarde eles voltam, é inevitável)

Convenhamos, há males que vêm para o bem e há bens que trazem males. Por mais que se insista em negar, mudar o foco de atuação ou decidir que o melhor diamante é o bruto, o qual você poderá moldar à sua maneira, a corrente de pensamentos incessantes é indomável.

A euforia é justificável, mesmo que não haja justificativas plausíveis.

O temor e os tremores, a ânsia, a sede da alma e a sede de vingança, o perigo, a provação, a provocação, o desfecho... os incontáveis encontros e despedidas... um ciclo entorpecente e irresistível... a dúvida, a honestidade, o caminho correto (ou não), a escolha, as algemas invisíveis, a falta calculada de compromisso (baseados no puro bom-senso)... a volta, a empolgação, tirar os pés do chão e retornar ao solo com a cabeça nas nuvens, risos... promessas... brinde... colo, calma... calma...

E pela primeira vez, o último não teve aspecto de fim...

"Eu não tava nem pensando, mas você foi me pegando...

e agora não importa aonde vá..."